Uma dor incômoda no punho que começa sutil e, de repente, impede você de segurar uma xícara de café. Aquele formigamento nos dedos que o desperta durante a noite, tornando tarefas simples como digitar ou abotoar uma camisa é um verdadeiro desafio. Se esses cenários soam familiares, você não está sozinho. A confusão entre as possíveis causas dessa dor é uma das queixas mais comuns que encontramos em nossas unidades da Reabilitando Fisioterapia em São Paulo. Muitos chegam com um auto diagnóstico de “tendinite”, quando na verdade o problema é outro.
Compreender a diferença entre túnel do carpo e tendinite não é apenas uma questão de nomenclatura; é o primeiro passo fundamental para um tratamento eficaz e uma recuperação duradoura. Um diagnóstico impreciso pode levar a abordagens terapêuticas ineficazes, prolongando o sofrimento e a frustração. A dor que você sente é real e merece uma explicação clara, baseada em conhecimento clínico aprofundado, para que você possa tomar as decisões certas sobre sua saúde.
Este artigo foi elaborado por nossa equipe de fisioterapeutas seniores para ser um guia definitivo sobre o assunto. Nosso objetivo é desmistificar essas condições, explicando de forma clara o que são, por que ocorrem, como se manifestam e, o mais importante, como se diferenciam. Ao final desta leitura, você terá um entendimento claro sobre as particularidades de cada quadro, capacitando-o a buscar a ajuda correta.
Acreditamos que um paciente bem informado é um parceiro ativo em sua própria reabilitação. As informações a seguir são um reflexo direto dos mais de 15 anos de experiência prática que acumulamos no tratamento de condições ortopédicas e traumatológicas. Vamos, juntos, iluminar o caminho para a compreensão e o alívio da sua dor.
O Que Realmente Acontece no Seu Punho? Desvendando a Tendinite
A tendinite no punho é, em sua essência, um processo inflamatório. Imagine os tendões como cordas fibrosas que conectam os músculos do seu antebraço aos ossos da sua mão. São eles que permitem que você dobre, estenda e mova o punho e os dedos com precisão. Quando esses tendões são submetidos a um estresse excessivo ou a movimentos repetitivos sem o devido preparo ou descanso, microlesões podem ocorrer, desencadeando uma resposta inflamatória. É o corpo dizendo: “Preciso de uma pausa para reparar esta estrutura”.
A causa mais comum é a sobrecarga funcional. Pense em um músico que pratica por horas a fio, um profissional que passa o dia digitando em uma posição inadequada ou um atleta que exige demais da articulação em treinos de levantamento de peso. Um erro comum que observamos em nossa prática clínica em São Paulo é a crença de que a tendinite surge apenas de atividades laborais. Atividades domésticas, como torcer panos ou usar ferramentas de jardinagem, e até mesmo o uso contínuo de smartphones, podem ser gatilhos significativos.
Os sintomas clássicos da tendinite incluem dor localizada, que geralmente piora com o movimento do punho ou dos dedos afetados. Pode haver inchaço visível na área e uma sensação de crepitação ou estalido ao mover a articulação. A dor tende a ser aguda e bem definida em um ponto específico, correspondente ao trajeto do tendão inflamado. Diferente de outras condições, a dor da tendinite raramente irradia de forma difusa ou causa sintomas neurológicos como formigamento persistente.
O tratamento fisioterapêutico para a tendinite foca inicialmente em controlar essa inflamação e a dor. Utilizamos recursos anti-inflamatórios e analgésicos, mas o verdadeiro trabalho começa em seguida: identificar e corrigir a causa raiz do problema. Isso envolve uma análise biomecânica detalhada para ajustar a ergonomia no trabalho, otimizar o gesto esportivo ou reeducar a forma como o paciente realiza suas atividades diárias. O fortalecimento progressivo e o alongamento dos músculos do antebraço são cruciais para aumentar a capacidade de carga dos tendões e prevenir que a inflamação retorne.
Síndrome do Túnel do Carpo: Quando a Dor é um Problema de Compressão
Aqui, a natureza do problema muda completamente. A Síndrome do Túnel do Carpo não é uma inflamação de um tendão, mas sim a compressão de um nervo. O “túnel do carpo” é uma passagem estreita no punho, formada por ossos e ligamentos. Dentro desse túnel, passam os tendões que flexionam os dedos e, crucialmente, o nervo mediano. Este nervo é responsável pela sensibilidade e por parte do movimento do polegar, indicador, dedo médio e metade do anelar.
A síndrome ocorre quando o espaço dentro deste túnel diminui por algum motivo, “espremendo” o nervo mediano. Essa redução de espaço pode ser causada pelo inchaço e inflamação dos tendões que passam pelo túnel (tenossinovite), retenção de líquidos (comum na gravidez ou em condições hormonais), fraturas prévias no punho que alteraram a anatomia local ou condições sistêmicas como artrite reumatoide e diabetes. A repetição de movimentos de flexão do punho pode agravar o quadro, mas a causa fundamental é a compressão nervosa.
Os sintomas são a chave para a diferenciação. Enquanto a tendinite causa uma dor mais mecânica e localizada, a Síndrome do Túnel do Carpo gera sintomas neurológicos. O mais característico é o formigamento ou a dormência nos dedos inervados pelo nervo mediano. Muitos pacientes relatam acordar à noite com a mão “formigando” ou “queimando”, sentindo a necessidade de “sacudir” a mão para obter alívio. Com a progressão do quadro, pode surgir fraqueza na mão, dificuldade para segurar objetos, e até atrofia da musculatura da base do polegar. A dor pode ser difusa e irradiar para o antebraço.
Imagine um paciente que nos procurou com dificuldade em abotoar as camisas pela manhã e que deixava objetos caírem sem perceber. Durante a avaliação, testes específicos que aumentam a pressão sobre o nervo mediano, como o Teste de Phalen (flexão máxima do punho), rapidamente reproduziram os sintomas de formigamento. Essa resposta é um forte indicativo de compressão nervosa, e não de uma simples inflamação tendínea. O diagnóstico preciso, muitas vezes auxiliado por exames como a eletroneuromiografia, é vital para direcionar o tratamento correto.
L.E.R. e D.O.R.T.: O Que Significam Essas Siglas?
É fundamental esclarecer um ponto que gera muita confusão: L.E.R. (Lesão por Esforço Repetitivo) e D.O.R.T. (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho) não são diagnósticos em si. Elas são síndromes, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas que descrevem uma condição causada ou agravada pela atividade ocupacional. Tanto a tendinite no punho quanto a Síndrome do Túnel do Carpo podem ser classificadas como uma D.O.R.T. se a sua origem estiver comprovadamente ligada à função laboral do indivíduo.
A L.E.R. é um termo mais antigo e amplo, enquanto D.O.R.T. é a terminologia técnica preferida atualmente, pois reconhece que não apenas a repetição, mas também a manutenção de posturas inadequadas, o estresse, a força excessiva e a falta de pausas adequadas no ambiente de trabalho contribuem para o surgimento de diversas doenças musculoesqueléticas. Portanto, dizer que alguém tem “L.E.R.” é como dizer que alguém tem “dor de cabeça” – descreve o sintoma, mas não especifica a causa (enxaqueca, tensão, etc.).
A importância de entender isso está na abordagem do tratamento. Quando identificamos que uma tendinite ou uma Síndrome do Túnel do Carpo é, na verdade, uma D.O.R.T., o plano de reabilitação precisa ir além da clínica. É necessário uma intervenção no ambiente de trabalho do paciente. Isso pode incluir uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET), com ajustes na altura da cadeira, no posicionamento do teclado e do mouse, e na organização da estação de trabalho para promover posturas neutras e reduzir a sobrecarga.
Em nossa prática na Reabilitando Fisioterapia, frequentemente colaboramos com profissionais de saúde ocupacional para garantir que as melhorias conquistadas na fisioterapia sejam sustentadas no dia a dia do paciente. A reeducação postural, a implementação de pausas ativas e exercícios compensatórios durante a jornada de trabalho são componentes essenciais para quebrar o ciclo de lesão e evitar recidivas, tratando não apenas o sintoma, mas a causa ocupacional do problema.
Diagnóstico Diferencial: Como o Fisioterapeuta Investiga a Causa da Sua Dor
Chegar a um diagnóstico preciso é um processo investigativo. Um fisioterapeuta experiente não se baseia apenas em um sintoma isolado. A avaliação começa com uma anamnese detalhada, uma conversa aprofundada onde buscamos entender a sua rotina, seu histórico de saúde, as características da sua dor, os fatores de melhora e piora e o impacto dos sintomas na sua qualidade de vida. Cada detalhe, por menor que pareça, pode fornecer pistas valiosas.
Após a anamnese, partimos para o exame físico. Este é o momento de “colocar a mão na massa”. Realizamos uma série de testes específicos para cada condição suspeita. Para a tendinite, aplicamos testes de resistência contra o movimento dos tendões específicos para identificar qual deles está inflamado e provocando a dor. Para a Síndrome do Túnel do Carpo, utilizamos testes provocativos, como o já mencionado Teste de Phalen e o Teste de Tinel (percussão suave sobre o trajeto do nervo mediano no punho), que visam reproduzir os sintomas de formigamento e dormência.
A avaliação não para por aí. Analisamos a amplitude de movimento do seu punho, dedos, cotovelo e até do ombro, pois muitas vezes uma restrição em uma articulação pode sobrecarregar outra. Avaliamos a força muscular, a sensibilidade da pele e os reflexos. A observação de como você realiza movimentos funcionais, como pegar um objeto ou simular uma atividade de trabalho, também é fundamental. É nessa análise biomecânica que frequentemente encontramos as disfunções que originaram o problema.
Em alguns casos, exames de imagem podem ser solicitados para confirmar a suspeita ou descartar outras patologias. A ultrassonografia é excelente para visualizar tendões e identificar inflamações ou rupturas, enquanto a eletroneuromiografia é o padrão-ouro para avaliar a condução nervosa e confirmar a compressão do nervo mediano no túnel do carpo. O trabalho do fisioterapeuta é integrar todas essas informações – sua história, os testes clínicos e os exames complementares – para montar o quebra-cabeça e definir o diagnóstico funcional mais preciso possível.
Conclusão: A diferença entre túnel do carpo e tendinite e o caminho para a recuperação
Compreender que a dor e o formigamento no punho podem originar-se de uma inflamação em um tendão (tendinite) ou da compressão de um nervo (Síndrome do Túnel do Carpo) é o insight mais poderoso que você pode ter. A primeira está ligada a uma sobrecarga mecânica da estrutura, enquanto a segunda resulta de uma redução de espaço que afeta a função neurológica. Reconhecer que L.E.R. ou D.O.R.T. são classificações sobre a origem do problema, e não o diagnóstico em si, completa o quadro, direcionando o foco para a causa raiz.
Ignorar esses sintomas ou apostar em soluções genéricas pode não apenas prolongar o desconforto, mas também agravar a condição subjacente, tornando a recuperação mais complexa e demorada. Buscar orientação profissional ao primeiro sinal de alerta é o passo mais seguro e eficaz para obter um diagnóstico correto e um plano de tratamento que realmente funcione, permitindo um retorno pleno e seguro às suas atividades.
Navegar por um plano de reabilitação exige conhecimento e atenção individual. Na Reabilitando Fisioterapia, nosso foco é justamente esse: unir um diagnóstico preciso a um cuidado excepcional e individualizado para garantir resultados que realmente transformam a vida de nossos pacientes em São Paulo. Se você está pronto para dar o próximo passo rumo a uma vida sem dor, nossa equipe está aqui para ajudar.